O A-APRP emerge da intensificação da luta, Africana e global, por direitos democráticos, por independência e unidade nacional e pelo socialismo científico. Ao mesmo tempo, batalha, descomprometida e incessantemente, pela inevitável destruição do capitalismo, imperialismo, racismo, sionismo, apartheid e neocolonialismo.

A emergência do movimento Pan-Africano no décimo sexto e décimo sétimo séculos marcou o início de esforços concretos para construir organizações totalmente africanas e de massas. O movimento Pan-Africano assumiu a sua estrutura organizacional moderna e alcançou expressão em 1900, com a formação da Pan-African Conference (Conferência Pan-Africana), encabeçada por Henry Sylvester Williams, obispo Alejandro Walters y W.E.B. DuBois; e mais tarde com o South African Native Congress (Congresso Nativo Sul-Africano), dirigido por Jajabu; as Universal Negro Improvement Associations (Associações Universais para o Progresso Negro), dirigidas por Marcus Garvey, o National Congress of British West Africa (Congresso Nacional da África Ocidental Britânica), liderado por Joseph Casely Hayford; a Liga Africana, das colónias portuguesas em África e na América do Sul, encabeçada por José de Magalhães; e a African Democratic Rally (Comício Democrático Africano, RDA), das colónias francesas na África Ocidental.
O 5º Congresso Pan-Africano, co-presidido por Kwame Nkrumah logo após a segunda Guerra Europeia Imperialista (a chamada Segunda Guerra Mundial), marcou o início de um novo período que viu a intensificação da fase de massas da Revolução Africana; e o surgimento de novas formas de organização Pan-Africana de massas, adequadas às tarefas daquele estado de situação — o estado de dependência política. Este processo ganhou intensidade e velocidade com a organização do Parti Démocratique de Guinée (Partido Democrático da Guiné, PDG) em 1947, sob a liderança do Presidente Sékou Touré, e também a da Convention People’s Party of Ghana (Convenção do Partido do Povo do Ghana, CPP) em 1949, sob a liderança do Presidente Kwame Nkrumah. Em menos de uma década, partidos de massas espalharam-se por todos os cantos do mundo africano; esta foi a ponta do iceberg que, quando revelado, mostra a verdadeira dimensão, velocidade e direcção da Revolução Africana. Dois importantes acontecimentos catalisadores ocorreram em 1957 e 1958: a independência do Ghana e da Guiné-Conacri, e a concretização da primeira All-African People’s Conference (Conferência de Todos os Povos Africanos) no Ghana, sinalizando a alvorada de uma nova fase na Revolução Africana. Num curto período de 12 anos desde o amadurecimento das condições subjectivas que tornaram possível firme e irrevogavelmente arraigar o movimento Pan-Africano em África — a sua terra-natal e único lar — foi criada uma organização política totalmente africana, genuína e revolucionária.

Analisando correctamente esta nova realidade, Kwame Nkrumah publicou um livro em 1968, Handbook for Revolutionary Warfare (Manual para o Combate Revolucionário), no qual convocava a “formação do All-African People’s Revolutionary Party (A-APRP) para coordenar políticas e dirigir as acções… Um partido político ligando todos os territórios libertados e todos os partidos na luta sob uma ideologia comum; e assim desimpedindo o caminho para a unidade continental… enquanto, ao mesmo tempo, aumentando exponencialmente a continuação da Guerra de Todos os Povos Africanos.” (ibid., página 56-57)
A publicação deste manual e dois outros trabalhos de Kwame Nkrumah, Consciencism, em 1964, e Class Struggle in Africa (Luta de Classes em África), em 1969, proveu o movimento Pan-Africano com orientações ideológicas e organizativas, que permitiram que este iniciasse um esforço a nível mundial para estabelecer as fundações de onde emergiria o A-APRP. O único programa era e é: CONSTRUIR O ALL-AFRICAN PEOPLE’S REVOLUTIONARY PARTY.
O nosso trabalho foca-se primária e temporariamente nos campus universitários, educando politicamente e recrutando uma vanguarda inicial a partir da intelligentsia africana revolucionária. A nossa tarefa imediata é organizar os grupos de estudo e trabalho do A-APRP em universidades no mundo africano, criando assim uma base inicial sobre a qual lançaremos uma campanha política global para educar e organizar as massas de africanos dispersos, sofrendo e lutando em todos os cantos do mundo.
Este trabalho começou a tomar uma forma e expressão concretas com a criação dos primeiros grupos de estudo e trabalho do A-APRP na Guiné-Conacri, em 1968, e depois nos E.U.A., em 1972; mais tarde ainda, no Canadá, nas Ilhas do Caribe e na Europa. Desde 1973, o A-APRP recrutou africanos nascidos em mais de 33 países de África, do Caribe, América Central, América do Norte, América do Sul e Europa. Adicionalmente, desenvolveu uma base de suporte global. Isto é um testemunho da quantidade e qualidade do trabalho realizado para construir o A-APRP até agora, e demonstra ainda mais eloquentemente o potencial de construir células do A-APRP por todo o mundo africano.